19 de junho de 2025

FRANCISCO CUOCO: O ASTRO DA TELEDramaturgia QUE QUASE BRILHOU COMO ATACANTE

Francisco Cuoco é considerado um dos maiores astros da TV brasileira  • João Miguel Júnior/TV Globo/Divulgação

 


Francisco Cuoco, ícone da televisão brasileira, não era apenas o galã por trás de clássicos como Pecado Capital e O Astro — ele também nutria um sonho de adolescente de cair na grama e balançar as redes. Ainda jovem, Cuoco chegou a planejar uma carreira como jogador de futebol, inspirado no atacante Baltazar, seu ídolo da época.

PAIXÃO PELO TIMÃO
Torcedor declarado do Corinthians, Cuoco se destacou informalmente nos campos amadores de São Paulo. Colegas do “Clube dos 30” — um time de artistas e jornalistas que viajava o país para apresentações e amistosos — lembram que o ator, camisa 9 do elenco, batia um bolão dentro e fora de campo e costumava levar as defesas a sério.

DO VESTUÁRIO À CÂMERA
Em vez de chuteiras profissionais, Cuoco acabou trocando o gramado por palcos e estúdios. Formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, ele consolidou-se como um dos maiores astros da Globo. Ainda assim, a lembrança das partidas entre amigos e o cabeceio à la Baltazar revelam um lado menos conhecido de sua trajetória.

LEGADO QUE CRUZA FRONTEIRAS
Mais que um nome da dramaturgia, Francisco Cuoco simboliza a intersecção entre cultura pop e futebol — duas paixões nacionais. Sua história inspira reflexões sobre como vocações distintas podem fluir paralelas e moldar legados duradouros, tanto diante das câmeras quanto nos campos de várzea.

Mais Correios: o lançamento que pode sacudir o e-commerce brasileiro




 No próximo dia 1º de julho, os Correios lançam oficialmente o seu marketplace, batizado de Mais Correios, numa investida ambiciosa para entrar em um mercado dominado por gigantes como Mercado Livre, Shopee, Amazon e Magazine Luiza. A novidade se diferencia pelo poder logístico da estatal e pela proposta de inclusão de microempreendedores (MEIs), unindo escala, capilaridade e foco no desenvolvimento local.

  1. Contexto do mercado
    O comércio eletrônico brasileiro ultrapassou os R$ 300 bilhões em vendas anuais, impulsionado por maior penetração da internet móvel, modernização das plataformas de pagamento e mudança de hábitos de consumo acelerada pela pandemia. Apesar do crescimento consistente — acima de 15 % ao ano — o mercado concentra 70 % da receita em apenas quatro players[1]. Nesse ecossistema, a chegada de um competidor com a infraestrutura dos Correios pode redistribuir protagonismos.
  2. Diferenciais competitivos
    – Logística integrada: todas as encomendas do Mais Correios serão despachadas pelas unidades próprias e parceiros dos Correios, garantindo cobertura em mais de 95 % do território nacional e potencial entrega no mesmo dia em capitais.[2]
    – Rede de agências como hubs: as 11 mil agências físicas servirão de pontos de armazenamento e retirada, ampliando o alcance do “retire aqui” sem custo extra para o cliente.
    – Custos de frete: com a política de preços acessíveis, a estatal promete competir agressivamente com os marketplaces privados, em especial nas rotas de baixa densidade.
  3. Foco estratégico em MEIs
    Além de grandes varejistas como Via Varejo, o Mais Correios destina espaço especial aos microempreendedores. A plataforma deve oferecer pacotes de adesão diferenciados, apoio em logística reversa e ferramentas básicas de marketing digital, democratizando o acesso ao canal online para quem ainda depende de vendas presenciais.
  4. Experiência de usuário e tecnologia
    Operado pela Infracommerce, o front-end do Mais Correios usa tecnologias modernas de recomendação e filtros de busca. A integração nativa com o sistema de rastreamento dos Correios permitirá que o cliente acompanhe cada etapa da entrega, elevando a transparência e a confiança no processo de compra.
  5. O papel do marketing digital no lançamento
    Para garantir um lançamento estrondoso, o departamento de marketing dos Correios deve orquestrar:
    • Campanhas de mídia programática em redes sociais (Facebook, Instagram e LinkedIn) segmentando pequenos lojistas e consumidores urbanos.
    • Ações de performance em Google Ads e SEO, focadas em termos como “marketplace barato” e “frete rápido Correios”.
    • Parcerias com influenciadores regionais — blogs de empreendedorismo, canais de unboxing e portais de notícias locais — para ampliar o alcance em mercados fora dos grandes centros.
  6. Engajamento e programas de fidelidade
    A criação de um programa de cashback ou pontos por volume de envios fortalecerá o ecossistema, incentivando vendedores a concentrarem suas operações na plataforma e consumidores a retornarem para novas compras. Um app Mais Correios com notificações em tempo real e descontos exclusivos consolida a experiência omnicanal.
  7. Desafios e riscos
    – Percepção de burocracia: a imagem institucional dos Correios pode transmitir processos mais lentos ou menos flexíveis que os concorrentes privados.
    – Suporte ao cliente: escalonar o atendimento a disputas, reembolsos e suporte técnico será decisivo para manter a reputação da plataforma.
    – Adoção de sellers: conquistar grandes marcas é importante, mas o volume de MEIs precisa crescer rápido para gerar diversidade de oferta e preços competitivos.
  8. Recomendações para vendedores
    Para quem pretende surfar a onda do Mais Correios, o ideal é:
    • Mapear nichos de produto pouco explorados — reginalidades, artesanato e itens customizados.
    • Investir em fotos de alta qualidade e descrições otimizadas, facilitando a indexação em buscadores.
    • Integrar sistemas de gestão de estoque e pedidos com a API do marketplace, garantindo atualização em tempo real.
  9. O impacto social e regional
    Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, resume a ambição: “O futuro chegou e, com ele, a oportunidade de democratizarmos o acesso ao comércio eletrônico para pequenos e médios empreendedores de todo o Brasil.” Ao conectar áreas rurais e periferias ao mercado digital, o Mais Correios pode fomentar o desenvolvimento local e gerar empregos nas cadeias de distribuição.





Com data marcada e infraestrutura robusta, o Mais Correios tem todos os elementos para mexer com o equilíbrio do e-commerce nacional. Resta agora observar se a estatal conseguirá converter seu maior ativo — a rede logística — em vantagem competitiva duradoura, atraindo vendedores e consumidores que busquem rapidez, confiança e preço justo. Para micro e pequenos empreendedores, a nova plataforma pode representar o passaporte definitivo para escalar suas vendas e alcançar o consumidor de ponta a ponta.

14 de junho de 2025

Os efeitos do capitalismo selvagem e a precarização do trabalho no Brasil

 


O capitalismo selvagem é um modelo econômico no qual a busca pelo lucro e pela competitividade prevalece sobre o bem-estar social e os direitos trabalhistas. No Brasil, esse sistema contribui para a precarização do trabalho, ampliando a informalidade e reduzindo garantias fundamentais para milhões de trabalhadores. O impacto é sentido em diversos setores, desde o transporte por aplicativos até a agroindústria, criando um ambiente de instabilidade e exploração.

O crescimento da informalidade




O trabalho informal, sem vínculo empregatício e sem acesso a direitos como férias e previdência, afeta cerca de 40% da população ocupada no país, segundo dados do IBGE de 2023. Setores como comércio ambulante, construção civil e tecnologia vêm registrando altas taxas de informalização, colocando trabalhadores em situações de extrema vulnerabilidade.

A ilusão do "empreendedorismo" como alternativa ao emprego formal


As empresas de entregas e aplicativos são ambas que vendem o discurso de empreendedor para não ser funcionário o que é na prática

Uma das estratégias utilizadas para disfarçar a precarização do trabalho é a retórica do "empreendedorismo". Empresas de tecnologia e serviços passaram a apresentar trabalhadores autônomos como "microempreendedores", sugerindo que esses indivíduos têm liberdade e autonomia para gerir seu próprio trabalho. No entanto, na prática, essa narrativa mascara a ausência de direitos trabalhistas e transfere riscos e custos operacionais para o próprio trabalhador.

  • Exemplo: Os motoristas de aplicativo
    Plataformas como Uber, 99 e iFood promovem a ideia de que seus parceiros são "empreendedores" que têm flexibilidade para definir seus horários e ganhos. No entanto, a realidade é que muitos motoristas e entregadores precisam trabalhar 12 a 17 horas por dia para conseguir uma renda mínima, sem qualquer garantia de salário fixo, benefícios ou proteção contra acidentes. Além disso, as empresas controlam algoritmos que determinam tarifas, bônus e acesso às corridas, reduzindo efetivamente a autonomia dos trabalhadores.
  • Exemplo: O modelo de "PJização" das empresas
    Em diversos setores, especialmente na área de tecnologia e comunicação, empresas substituem contratos formais por vínculos PJ (Pessoa Jurídica), onde o trabalhador presta serviços como se fosse uma empresa individual. Isso significa que ele não tem direito a FGTS, décimo terceiro salário ou férias remuneradas, ficando completamente responsável por sua previdência e impostos. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups, mais de 60% dos profissionais de tecnologia atuam como PJ, muitas vezes em regimes que simulam o emprego tradicional, mas sem garantias, com o simples fato do empregador empurrar para o empregado os custos tributários como iss, inss e irpf. .

A terceirização e o enfraquecimento dos sindicatos

A reforma trabalhista de 2017 flexibilizou contratos de trabalho e ampliou a possibilidade de terceirização. Como consequência, empresas passaram a contratar funcionários por meio de intermediários, o que reduz custos trabalhistas e enfraquece negociações coletivas. Além disso, o número de trabalhadores sindicalizados vem caindo drasticamente. Em 2012, cerca de 19% da força de trabalho era sindicalizada; em 2023, esse número caiu para 8%, dificultando a luta por melhores condições de trabalho e salários justos.

O impacto no setor rural e o trabalho análogo à escravidão



No setor agroindustrial, a precarização assume formas ainda mais severas. O trabalho em condições análogas à escravidão continua sendo uma realidade no Brasil. Apenas em 2023, mais de 2.500 trabalhadores foram resgatados de situações de exploração extrema em fazendas de café, soja e pecuária. Muitos desses trabalhadores eram submetidos a jornadas extenuantes, sem acesso a água potável ou condições mínimas de higiene, demonstrando como o sistema permite a perpetuação de práticas abusivas em nome da produtividade.

Grandes lucros e a desigualdade na distribuição de riqueza

Enquanto milhões de trabalhadores enfrentam condições precárias, grandes empresas continuam registrando lucros bilionários. Em 2023, a Petrobras liderou o ranking das empresas mais lucrativas, com um lucro de R$ 124,6 bilhões, o segundo maior da história da estatal. Outras empresas como Vale, Itaú e Banco do Brasil também figuraram entre as mais lucrativas. Apesar desses números impressionantes, a distribuição de riqueza continua desigual, com poucos benefícios sendo repassados aos trabalhadores que sustentam essas corporações.

Além disso, a Petrobras foi a empresa que mais distribuiu dividendos aos acionistas em 2023, totalizando R$ 98,1 bilhões, seguida pela Vale, Banco do Brasil e Ambev. Esse cenário reforça a disparidade entre os ganhos das grandes corporações e a realidade dos trabalhadores, que muitas vezes enfrentam cortes salariais e redução de benefícios.

Alternativas para combater a precarização

Apesar dos desafios, existem iniciativas para mitigar os efeitos do capitalismo selvagem. Regulamentação do trabalho por aplicativos, fortalecimento das políticas de fiscalização trabalhista e maior apoio a cooperativas e associações de trabalhadores são algumas medidas que podem proporcionar maior segurança e equidade no mercado de trabalho. Além disso, a conscientização sobre os verdadeiros impactos do "empreendedorismo forçado" é fundamental para garantir que trabalhadores tenham acesso a informações e possam exigir condições mais dignas.

O debate sobre a precarização do trabalho no Brasil precisa ser constante, pois ele afeta diretamente a qualidade de vida de milhões de pessoas e define o futuro das relações laborais no país.