No próximo dia 1º de julho, os Correios lançam oficialmente o seu marketplace, batizado de Mais Correios, numa investida ambiciosa para entrar em um mercado dominado por gigantes como Mercado Livre, Shopee, Amazon e Magazine Luiza. A novidade se diferencia pelo poder logístico da estatal e pela proposta de inclusão de microempreendedores (MEIs), unindo escala, capilaridade e foco no desenvolvimento local.
- Contexto do mercado
O comércio eletrônico brasileiro ultrapassou os R$ 300 bilhões em vendas anuais, impulsionado por maior penetração da internet móvel, modernização das plataformas de pagamento e mudança de hábitos de consumo acelerada pela pandemia. Apesar do crescimento consistente — acima de 15 % ao ano — o mercado concentra 70 % da receita em apenas quatro players[1]. Nesse ecossistema, a chegada de um competidor com a infraestrutura dos Correios pode redistribuir protagonismos. - Diferenciais competitivos
– Logística integrada: todas as encomendas do Mais Correios serão despachadas pelas unidades próprias e parceiros dos Correios, garantindo cobertura em mais de 95 % do território nacional e potencial entrega no mesmo dia em capitais.[2]
– Rede de agências como hubs: as 11 mil agências físicas servirão de pontos de armazenamento e retirada, ampliando o alcance do “retire aqui” sem custo extra para o cliente.
– Custos de frete: com a política de preços acessíveis, a estatal promete competir agressivamente com os marketplaces privados, em especial nas rotas de baixa densidade. - Foco estratégico em MEIs
Além de grandes varejistas como Via Varejo, o Mais Correios destina espaço especial aos microempreendedores. A plataforma deve oferecer pacotes de adesão diferenciados, apoio em logística reversa e ferramentas básicas de marketing digital, democratizando o acesso ao canal online para quem ainda depende de vendas presenciais. - Experiência de usuário e tecnologia
Operado pela Infracommerce, o front-end do Mais Correios usa tecnologias modernas de recomendação e filtros de busca. A integração nativa com o sistema de rastreamento dos Correios permitirá que o cliente acompanhe cada etapa da entrega, elevando a transparência e a confiança no processo de compra. - O papel do marketing digital no lançamento
Para garantir um lançamento estrondoso, o departamento de marketing dos Correios deve orquestrar:
• Campanhas de mídia programática em redes sociais (Facebook, Instagram e LinkedIn) segmentando pequenos lojistas e consumidores urbanos.
• Ações de performance em Google Ads e SEO, focadas em termos como “marketplace barato” e “frete rápido Correios”.
• Parcerias com influenciadores regionais — blogs de empreendedorismo, canais de unboxing e portais de notícias locais — para ampliar o alcance em mercados fora dos grandes centros. - Engajamento e programas de fidelidade
A criação de um programa de cashback ou pontos por volume de envios fortalecerá o ecossistema, incentivando vendedores a concentrarem suas operações na plataforma e consumidores a retornarem para novas compras. Um app Mais Correios com notificações em tempo real e descontos exclusivos consolida a experiência omnicanal. - Desafios e riscos
– Percepção de burocracia: a imagem institucional dos Correios pode transmitir processos mais lentos ou menos flexíveis que os concorrentes privados.
– Suporte ao cliente: escalonar o atendimento a disputas, reembolsos e suporte técnico será decisivo para manter a reputação da plataforma.
– Adoção de sellers: conquistar grandes marcas é importante, mas o volume de MEIs precisa crescer rápido para gerar diversidade de oferta e preços competitivos. - Recomendações para vendedores
Para quem pretende surfar a onda do Mais Correios, o ideal é:
• Mapear nichos de produto pouco explorados — reginalidades, artesanato e itens customizados.
• Investir em fotos de alta qualidade e descrições otimizadas, facilitando a indexação em buscadores.
• Integrar sistemas de gestão de estoque e pedidos com a API do marketplace, garantindo atualização em tempo real. - O impacto social e regional
Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, resume a ambição: “O futuro chegou e, com ele, a oportunidade de democratizarmos o acesso ao comércio eletrônico para pequenos e médios empreendedores de todo o Brasil.” Ao conectar áreas rurais e periferias ao mercado digital, o Mais Correios pode fomentar o desenvolvimento local e gerar empregos nas cadeias de distribuição.
Com data marcada e infraestrutura robusta, o Mais Correios tem todos os elementos para mexer com o equilíbrio do e-commerce nacional. Resta agora observar se a estatal conseguirá converter seu maior ativo — a rede logística — em vantagem competitiva duradoura, atraindo vendedores e consumidores que busquem rapidez, confiança e preço justo. Para micro e pequenos empreendedores, a nova plataforma pode representar o passaporte definitivo para escalar suas vendas e alcançar o consumidor de ponta a ponta.
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